Diz um provérbio que "gato escaldado de água quente tem medo". Mas também se diz que "o fado é que induca e o vinho é que enstrói". Meditando nisto, deixei-me arrastar novamente para uma casa de fado, desta vez dito "tradicional".
Primeira constatação: os fadistas eram em maior número do qeu os clientes da casa: 4 desgraçados turistas jantavam numa mesa, enquanto noutra ponta da casa um grupo de visigodos alarves (jantar de anos ou de curso?) alarvavam. 20 clientes, no máximo. Só fadistas eram 6 (mais uma que se encontrava afónica), mais 2 guitarristas, um porradão de empregados sempre a piscar o olho à gorjeta e 3 membro de um rancho folclórico (Minho, Ribatejo, Berlengas, aquilo foi dançar folclore de todo o país em 15 minutos. País esse que eu desconheço...).
As entrevistas com os fadistas correram bem: estes falavam mal da Mariza e da Dulce Pontes, do governo; falaram bem dos emigrantes, da fama, das aparições nas tardes da TV; um perguntou o resultado do Benfica (para variar estava a ganhar contra 10, de penalti). Ia-se aturando, apesar de raramente compreenderem as perguntas à 1ª (ou mesmo à 11ª).
Até que se decidiu entrevistar o dono da casa. Ao apertar-lhe a mão ainda hesitei: Denim? Blue Stratos? Old Spice? Jovan Musk for Men? Qual seria o fedor que inalei? Decidi-me por uma mistura de after-shave Brut com água de colónia Jovan Musk for Men, aquele fedor que se entranha na pele, repelindo sapos, rãs, lagartixas, orangotangos, putas de Monsanto, marroquinos a vender flores e xamon e até (!) a Elsa Raposo. Era nesse líquido que o dono-gerente da casa se havia banhado. Entretanto o fado piorava a olhos vistos: cantava-se "Coimbra é uma canção".
As opiniões deste senhor sobre o fado vadio? "Isso? É bom é, mas é para quem gosta de ver um bebedo drogado com brincos no nariz, zarolho a cantar em cima de um banco, um cão a uivar em cima da mesa; de apanhar com o chulé e a catinga do ténis do gajo do lado, de escarrar para a serradura no chão e de comer um pastel de bacalhau com 4 dias, e pro outro um croquete". Camaradas, foi necessário um esforço sobre-humano para conter o riso que me assolava interiormente.
Nisto! Voltam-se a apagar as luzes mas...não se vai cantar o fado, mas sim dançar o folclore! Um desfile, marcha popular (com os 3 membros do mini-rancho e mais os fadistas com ar de frete e os turistas são também levados à força, Esq, Dt Marchar, Ert!). E as luzes, psicadélicas! Fear and loathing in Bairro Alto aaargh! Isto ainda é pior do que o comboio fantasma! Após este verdadeiro gazeamento mental, são colocados à frente dos olhos embezegados dos turistas cds da casa para venda.
Será que fui teletransportado para os anos 60, para um concerto dos Pink Floyd com o Syd Barret? Mas...não o Frank Zappa subiu ao mini-palco! Irá cantar o fado? Reajusto a minha vista, ainda embriagado com as luzes psicadélicas verde-vermelhas, e reparo que não pode ser o Frank Zappa, visto que o senhor que se encontra no mini-palco tem uma muito maior amplitude de envergadura do bigode: é um dos marchantes, mais precisamente a senhora vestida à minhota a anunciar que (felizmente) Fado No More. E eu que estava a gostar tanto...
Moral da história: cientista fodido de fado quente tem medo.
Especial
Blógues góh góh
Gajo que tem a mania que é poeta mas na verdade é tudo só para engatar gajas (sem resultado)
Intelectuais
Aspirina B - Intelectualóides de esquerda com muito charro fumado e mais ainda por fumar. oKupantes
Blógues nazi-fascistas
Blógues apaneleirados