Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2004

Cinema Erudito

Depois de ter assistido a um ciclo de cinema escandinavo com predominante incidencia em realizadores Noruegueses sediados em Throndeim e noutras pequenas localidades no norte da Noruega...interessante ciclo de uma semana que abordava os mais diversificados temas..desde a migraçao do alce de pelo curto pra sul nas aridas estepes da sibéria até á antropofagismo mediático que fez colidir os antofagastas neonazis que emigraram da suécia até á noruega depois da guerra fria. resolvi deslocar-me até um daqueles cinemas q há por aí ..em longas superficies comerciais...um cinema daqueles onde se vendem pipocas.. e ainda a agua suja do capitalismo entre outras guloseimas que pouco ou nada interessam para a setima arte, o ecran...enorme...mais q gigante nao ajudava ao visionamento da pelicula e o som ensurdecedor em stereo surround incomodou-me fortemente os timpanos. Da próxima vez – que espero não seja tão cedo – tenho de me lembrar que para ir a um cinema de um grande grupo capitalista tenho de levar daqueles tampões para os ouvidos que os arrumadores de aviões usam. Até dá para ouvir o realizador a dar ordens. Mas isso é outra conversa.
O filme – americano – meus caros, chamava-se big fish. É de um realizador de culto-mainstream. Uma daqueles que só uns poucos sabichões conhecem mas que por acaso tem sempre filmes comerciais. Mas uns amigos insistiram e lá fui eu. Até não começava mal, com um achig㠖 peixe adorável que vive em muitas barragens e albufeiras desse Portugal – enorme a ser – mal – pescado. Mal porquê? Porque os achigãs se pescam do meio para a margem e não da margem para o meio. Eles vivem nas margens, nos mais recônditos locais, perto de ramos e árvores submersas e não no meio do rio. Como é que eles – mesmo usando toda a espécie de amostras – queriam apanhar o peixe? Além disso, é do conhecimento geral que o achigã não morde, não abocanha a presa – suga-a como se fosse um aspirador. Posto este péssimo começo, coloquei em causa todo o filme – e com razão!
Onde está o realismo – que o filme não tem. É um sonho o filme? Bem, seguindo a grande escola lituana de cinema, vemos que o sonho é uma forma de transgressão à norma, que marca a divisão entre o eu-posso e o eu-quero.
Gostava também de falar sobre o patagónio zulu que à minha frente dizia que este filme era um filme para minorias, que nem todos o compreendiam. O minha grande zebra. Todos compreendem o filme, cada qual à sua maneira, pseudo-inteléctualóide de 5ª categoria. Vai mas é ao cine-clube ver ciclos de cinema dedicados aos tuaregues, aos alces de pelo curto, aos sexo oral entre os nativos eunucos das ilhas tanimbar. Ou então, mete o dedo no cú e cheira. Eu só vejo filmes desta índole: educativos, para pensar, cultos, eruditos, chatos e com um papel de luta social, pois despertam consciências. Isto para quem não adormece no filme! E mais!! Os pequenos e eruditos cine-clubes não têm pipocas nem coca-cola – têm snappy e torresmo –e os espectadores têm muito mais respeito pelo cineasta, pela equipa que fez o filme, pois o filme não acaba no fim: o filme acaba após ter acabado o genérico, com os agradecimentos e tudo o mais. Quem realmente gosta de cinema vê as letrinhas até ao fim, não sai logo mal vê as três letrinhas F-I-M, como se estivesse com pressa para cagar.
Temos de enaltecer os realizadores nórdicos – todos menos o Lars Von Trier, yuck, comercialeco zuevo – os bielorussos, os estónios, os letões, todos esses países de grandes tradições cinematográficas underground, que cada vez mais nos surpreendem com verdadeiras obras-primas, como pude constatar neste ciclo – então o filme sobre a migração dos alces, Uh-la-la, maravilha das maravilhas. Tenho informações que dentro em breve será dedicado um ciclo a jovens realizadores de países tão díspares como a Mauritânia, a nova caledónia e cuba (no Alentejo)- este último convidado para argumentista da próxima super-produção da tvi, uma novela protagonizada pela sofia alves. As temáticas das suas obras têm em comum o facto de serem indecifráveis e pouco divulgadas entre o grande público. O filme do jovem realizador mauritano, mohammed abu abbar, é de uma simplicidade tremenda, e mesmo assim, imensamente poético: uma história imaginária, onde a polónia invadia e ocupava a Mauritânia, cujos habitantes se regugiavam em são Tomé e príncipe, causando o afundamento das ilhas devido ao peso excessivo – não pela sua gordura, pois são todos raquíticos, mas porque transportariam consigo toda a areia dos desertos do seu país natal – pelo que também pagaram multas nos aeroportos devido a excederem os 20 kgs de carga. Após saberem disto, os seus irmãos marcianos, declaram guerra aos croatas e obrigam-nos a abandonar a Mauritânia, que sem areia, é colonizada por pigmeus. Uma obra prima cujo visionamento vos aconselho vivamente - sobretudo se gostarem de auto-flagelação, de serem mordidos por mosquitos, abelha, sanguessugas e cães raivosos, bem como de manoel de oliveira e pelos seus filmes! A quem gosta de ouvir delfins, norah jones e joe dassin, aconselho 2 alternativas: atirem-se da boca do inferno ou então para debaixo de um camião tir no ic19. não usem facas pois causa muita sujidade. na boca do inferno o mar leva e na estrada, olha, mais um gato morto!!
publicado por товарищ V. E. às 07:52
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6 comentários:
De fairy_morgaine a 18 de Fevereiro de 2004 às 08:33
cais em tentações de ser igual aos que criticas quando te queixas dos cinemas dos grandes grupos hehehe
mais uma contradição.mas gosto.gosto de complexidades.
De image a 17 de Fevereiro de 2004 às 23:51
Para começar o dia é engraçado, faz-me rir. Criticas os pseudo intelectuais, mas pareces um! eheheh
De encandescente a 17 de Fevereiro de 2004 às 01:34
Sei que detestas intelectuais e essa porra toda mas gosto do que escreves pá!! Tens qualquer coisinha( e não, não me refiro a isso podes levantar os olhos para o monitor) Vou pôr uns links no meu "belogue" e gostava de pôr lá o teu, isto claro no caso de não te importares que um "belogue" como o teu seja mencionado num tão mas tão intelectual como o meu.Não o farei sem concordares
De encandescente a 16 de Fevereiro de 2004 às 22:55
Retribuindo a visita, deixaste aquele ditado venho colocar-te uma questão quanto a ele:
Quem tem barba tem bigode, quem tem picha tb fode. Acolito isso não é optimismo a mais? Todos os barbudos são potentes? Então pq é que cada vez mais há homens, e olha que já nem digo sem barba, mas sem pêlos? E porquê o "também"? Gosto dos teus textos
De Acolito Espirita a 16 de Fevereiro de 2004 às 18:56
O Freud tá morto, acho que agora não sabe nada. e um intelectual de esquerda é um pseudo-intelectual. olha para o louça.
De chuvinha a 16 de Fevereiro de 2004 às 18:09
voltaste :) bem vindo. ainda não sei se preferes intlectualoide ou intlectual de esquerda.
é desperdício pq até tens qq coisa entre as orelhas :) n sei bem pq teimas em armar-te aos tordos. o freud lá saberá pq.

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