Quarta-feira, 27 de Abril de 2005

As Casas de Fado - Parte II: As Casas de Fado Tradicional

Diz um provérbio que "gato escaldado de água quente tem medo". Mas também se diz que "o fado é que induca e o vinho é que enstrói". Meditando nisto, deixei-me arrastar novamente para uma casa de fado, desta vez dito "tradicional".


Primeira constatação: os fadistas eram em maior número do qeu os clientes da casa: 4 desgraçados turistas jantavam numa mesa, enquanto noutra ponta da casa um grupo de visigodos alarves (jantar de anos ou de curso?) alarvavam. 20 clientes, no máximo. Só fadistas eram 6 (mais uma que se encontrava afónica), mais 2 guitarristas, um porradão de empregados sempre a piscar o olho à gorjeta e 3 membro de um rancho folclórico (Minho, Ribatejo, Berlengas, aquilo foi dançar folclore de todo o país em 15 minutos. País esse que eu desconheço...).


As entrevistas com os fadistas correram bem: estes falavam mal da Mariza e da Dulce Pontes, do governo; falaram bem dos emigrantes, da fama, das aparições nas tardes da TV; um perguntou o resultado do Benfica (para variar estava a ganhar contra 10, de penalti). Ia-se aturando, apesar de raramente compreenderem as perguntas à 1ª (ou mesmo à 11ª).


Até que se decidiu entrevistar o dono da casa. Ao apertar-lhe a mão ainda hesitei: Denim? Blue Stratos? Old Spice? Jovan Musk for Men? Qual seria o fedor que inalei? Decidi-me por uma mistura de after-shave Brut com água de colónia Jovan Musk for Men, aquele fedor que se entranha na pele, repelindo sapos, rãs, lagartixas, orangotangos, putas de Monsanto, marroquinos a vender flores e xamon e até (!) a Elsa Raposo. Era nesse líquido que o dono-gerente da casa se havia banhado. Entretanto o fado piorava a olhos vistos: cantava-se "Coimbra é uma canção".


As opiniões deste senhor sobre o fado vadio? "Isso? É bom é, mas é para quem gosta de ver um bebedo drogado com brincos no nariz, zarolho a cantar em cima de um banco, um cão a uivar em cima da mesa; de apanhar com o chulé e a catinga do ténis do gajo do lado, de escarrar para a serradura no chão e de comer um pastel de bacalhau com 4 dias, e pro outro um croquete". Camaradas, foi necessário um esforço sobre-humano para conter o riso que me assolava interiormente.


Nisto! Voltam-se a apagar as luzes mas...não se vai cantar o fado, mas sim dançar o folclore! Um desfile, marcha popular (com os 3 membros do mini-rancho e mais os fadistas com ar de frete e os turistas são também levados à força, Esq, Dt Marchar, Ert!). E as luzes, psicadélicas! Fear and loathing in Bairro Alto aaargh! Isto ainda é pior do que o comboio fantasma! Após este verdadeiro gazeamento mental, são colocados à frente dos olhos embezegados dos turistas cds da casa para venda.


Será que fui teletransportado para os anos 60, para um concerto dos Pink Floyd com o Syd Barret? Mas...não o Frank Zappa subiu ao mini-palco! Irá cantar o fado? Reajusto a minha vista, ainda embriagado com as luzes psicadélicas verde-vermelhas, e reparo que não pode ser o Frank Zappa, visto que o senhor que se encontra no mini-palco tem uma muito maior amplitude de envergadura do bigode: é um dos marchantes, mais precisamente a senhora vestida à minhota a anunciar que (felizmente) Fado No More. E eu que estava a gostar tanto...


Moral da história: cientista fodido de fado quente tem medo.


 

publicado por товарищ V. E. às 06:42
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Segunda-feira, 25 de Abril de 2005

Pasta Erudita

Sem ter a intenções de o tornar numa rubrica periódica, o vosso amigo pataphisico_azul gostaria hoje de  mais uma receita culinária que aprendeu nas suas viagens pelo mundo. O Spaguetti al Aglio, Olio e Pepperoncino (que também se chama Spaguetti Espresso), o prato que vos trago hoje, é bastante nutritivo e em especial energético, mas também delicioso. Mas o melhor de tudo é que é o prato mais fácil e rápido de preparar com que este vosso chef já se deparou. Basta cortar uns dois dentes de alho por pessoa em fatias (bem sumarentos...), e aloira-los um pouco em azeite virgem, com um piri-piri desfeito e alguma pimenta (se for frescamente moida, é melhor). Os alhos devem ficar transparentes, mas nunca queimados. O molho deve ser depois deitado sobre o spaguetti cozido al dente. Como opção, podem adicionar algumas ervas aromáticas frescas: salsa fica bem, manjericão não é mau, oregão também foi tentado com sucesso. Outros experimentos, (coentros, funcho...) deixo à imaginação dos caros leitores. Quanto a ervas secas, dão um sabor amargo, mas, em especial o oregão é apreciado por algumas pessoas. Por fim, há ainda quem goste de adicionar parmigiano ralado, tornando-o num prato ainda mais rico. No entanto (e não deixando de ser apenas o meu gosto pessoal), o vosso caro pataphisico_azul prefere esta iguaria apenas com o molho, sem ervas e sem queijo.


Quanto ao acompanhamento para este prato, aconselharia um tinto de sabor fresco, e bastante leve. De preferência, vinho novo, portanto.


Mas podem alguns de vós perguntar: porque é que eu escolhi esta receita para vos apresentar aqui hoje? Como todos sabemos, o nosso é um blógue erudito. Aproximadamente o blógue mais erudito da blogoesfera. Ou mais ainda que isso. Que vos poderia apresentar então, senão a receita culinária mais erudita de sempre? Mas não se limita a ser erudita! Senão vejamos: o Spaguetti al Aglio, Olio e Pepperoncino é conhecido por ser preparado em todas as tertúlias intelectuais em Italia, pois os intelectuais e os artistes não tinham tempo para preparar nada mais complexo, tinham que passar a noite a discutir coisas importantes como Sartre, se alinhavam ou não com o representacionismo, e a merda sem cheiro, e depois lá para as 3 da manhã, já tinham fome outra vez (que isto falar sem dizer nada, numa cave mal iluminada e cheia de fumo, dá fome), e lá ia outro preparar a pasta. É um facto sabido que Gramsci ele próprio preparou por várias vezes o Spaguetti al Aglio, Olio e Pepperoncino. Por isso, pensámos que, já que a maioria dos nossos leitores são extremamente eruditos (e de certeza que quase nenhum sabe cozinhar), pensamos estar aqui a prestar um grande favor à "comunidade bloguística" (hã? A quem?).

publicado por товарищ V. E. às 01:41
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Terça-feira, 19 de Abril de 2005

Nota de Rodapé a "Os Blogs Apanascados"

Enfim, porque esta nota vai ser publicada depois da posta em si vai ser colocada pelo blógue acima desta, será mais apropriado chamar-lhe nota de rodacornos que nota de rodapé. Mas adiante.


Gostaria apenas de referir que gay, panasca, paneleiro, bicha, e outros termos do tipo, são aqui usados sem discriminar indivíduos em relação à sua orientação sexual, sendo que qualquer um deles se pode ou não aplicar a homosexuais ou a heterosexuais. Dixit.

publicado por товарищ V. E. às 03:40
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Os Blogs Apanascados

Mais uma vez, gostaria de me referir à obra publicada desse meu amigo, camarada, e companheiro de luta, e no fundo, desse grande artista plástico (mas não só, diria, artista de borracha e de metal) que é o acolito_espirita. O tema da nossa elevada tertúlia intelectual hoje será então, como o título desta posta indica, os blogs apanascados. A referência que gostaria de fazer é à posta de 26-9-2004 do meu caro camarada sobre Blogs Gays. A maioria do que ele disse acerca de blog gays aplica-se aos blogs apanascados, portanto aconselho uma consulta prévia aos nossos arquivos antes de continuarmos.


Devo agora dizer que gay não é exactamente o mesmo que apanascado, abichanado, ou, mais simples e directamente, paneleiro. A alegria de um blog gay desaparece quando encontramos autores de blogues que analisam o mais íntimo da alma humana, principalmente se essa alma humana tem uma profundidade de 3 cm. Os blogs paneleiros são, concerteza, blógues gays, mas não se limitam a isso. Eu diria até que enquanto entre os blógues de gajas podemos encontrar blógues gays, em 99% dos blógues apaneleirados escrevem homens (leia-se indviduos de sexo masculino, porque será discutível se serão merecedores do título de homens). Mas longe de mim, caros leitores, vir para aqui mandar bitoques para o ar sem dar um par de exemplos.


Vejamos o seguinte caso: encontrei-o enquanto me divertia a fazer passeios pelos blógues godos que lincamos ao lado, comentando um ou outro texto verdadeiramente elevado, com um comentário igualmente elevado. Ou uma merda assim, desde que não tenha cheiro. O que me chamou a atenção foi o nome com que assinava: Marco António. Por várias razões, até. Primeiro, Marco António e Cleópatra é uma das histórias de amor mais apaneleiradas da idade clássica. Não que seja uma história de amor, toda a gente sabe que a formosa rainha dava o seu nariz e o resto do corpo a que quer que ela achasse que lhe fosse dar mais poder. Mas Hollywood, e o seu principal argumentista, William Shakespeare, transformaram-na numa história de amor daquelas em que só mesmo língua, e mesmo assim com dedo para empurrar. Depois, chamou-me a atenção o nome deste antropiteco porque me lembrou o mais recente marido da artista latina Jennifer Lopez, Mark Anthony. Ora, não sei qual dos dois tem pior gosto. Ele escolheu uma miúda que parece saída do guetto espanhol de L.A. e com uma peida que dá a impressão que anda a ir ao McDonalds todos os dias há cinco anos. Mas ela, escolheu uma espécie de humanóide, uma criatura pequena, de um tipo que se acha superior, mais inteligente, mais atraente que os seres humanos (e na minha opinião, e provavelmente na dele, distingue-se destes). Este goblin que se pensa melhor que nós em tudo, na realidade só é superior ao ser humano como saco de box, ou para levar com tacos de baseball. É, assim, neste tipo de criatura que penso quando leio as linhas do seu blógue.


http://aprocuradacleopatra.blogspot.com/


Logo ao abrir, deparamo-nos com um cor-de-rosa que diz logo tudo, e sobre o qual nada mais vou dizer. Depois temos o cabeçalho, onde encontramos a merda sem cheiro no seu estado mais puro. São 68 palavras sem qualquer conteúdo, agregadas em três frases apenas pelo facto de serem "difíceis". Pois vejam uma amostra:


«Eis a razão de um simples e humilde cidadão que pretende apenas construir e enriquecer o pensamento, partindo do princípio basilar que só sei que nada sei. É só uma questão de Ser na sua simplicidade e não do Ter na sua complexidade.»


Reparem no pormenor de ele ter escrito Ser e Ter com letra grande, demonstrando assim a sua superioridade ao dar a conhecer que reconhece o peso filosófico dos termos. Depois temos o modo como se apresenta. Nada melhor do que, mais uma vez, mostrar:


«De mim nada sei, a não ser que nada sou neste Universo, apenas algo que passa pela intemporalidade e temporalidade existencial do Ser no tempo e no momento.»


Como podemos ver, temos aqui um filósofo da escola dos existencialistazecos. E, garanto-vos, até o Sartre (santo padroeiro dos esquerdistas), vomitava ao ler as regurgitações intelectuais deste. Reparem também no cursor original, que nunca falta nos blógues mais pirosos. O do nosso amigo indica a hora certa (não sei se de onde ele está ou onde o leitor está). Ou senão, convido os meus caros leitores a ler uma das minhas postas favoritas, as reflexões a que ele se deitou na bela tarde do já ido Domingo dia 6 de Março, chegando à conclusão de que «Nada tem sentido sem Nada», e «Portanto Nada existe sem Nada». Fiquei até surpreendido por a conclusão não ter sido "...Mãe-África... e assim acontece". Felizmente, a maioria das suas postas são, ou desenhos, ou poemas daqueles tipo "Concurso de poesia A Capital", que serviriam para músicas do Paulo Gonzo ou dos Toranja, se eles não fossem capazes por eles próprios de juntar uma data de palavras que rimem.


Mas não vos queria deixar apenas com um exemplo, até porque depois do quinto (verso, e não poema), percebemos que os poemas de Marco António são todos iguais. Outro dos meus blógues bicha preferidos é o de André Ferreira.


http://poemasamostras.blogspot.com


O nome é Poemasamostras (assim, pegado, para ser mais original), mas não tem poemas. O André tem concerteza sempre ao lado do computador um dicionário bem pesado da nossa cara língua, quase de certeza em vários volumes. As palavras que usa são num estilo diferente das do Marco António, ainda mais difíceis em si. Desconfio até que algumas delas nem sequer existem na nossa língua. Tomemos  de uma das suas postas o exemplo de "umbra". Poderia escrever "sombra", no mesmo lugar, mas assim toda a gente percebia... Quanto ao conteúdo das postas, discutimos aqui a essência do Universo (com letra grande), da pessoa humana, dos desgostos de amor, tudo em tom poético e com palavras difíceis. Vejam a minha preferida, curiosamente também desse produtivo dia de Domingo de 6 de Março: sobre uma doce ampunheta. «flor inconcreta», «ampunhetas doces o tempo era açucar», «atmosfera plúmbea». Sugiro que leiam mais, e verão como o André tem mais textos no mesmo tom, e muitos onde provavelmente estava ainda mais apaixonado pelo dicionário. Mas as surpresas não acabam aqui: se clicarmos no linque que leva ao perfil do André, vemos que ele mantém mais dois blógues: um chamado palavrasamostras, outro chamado poemastraducidos. Se palavrasamostras não faz sentido absolutamente nenhum, pois é apenas um clone de Poemasamostras, mas com textos diferentes (mesmo estilo, mesmo dicionário, tudo, mas outros), poemastraducidos é muito interessante, nem que seja para darmos uma boa gargalhada: é uma tradução para castelhano de algumas das postas de Poemasamostras. Podemos lá ler, por exemplo, "Ampuñetas Dulces". Mais hilariante ainda são as notas de rodapé, onde ele explica o que não consegue traduzir. André, se estiveres a ler isto, faz uma coisa: põe antes notas de rodapé nos teus blógues em português, porque as palavras incompreensíveis são muitas mais.


Mas analizemos mais em profundidade estas descargas gregóricas em forma verbal. Qual é a sua raiz e a sua aspiração? Porque tomam esta forma de filosofia da página de astrologia da TV 7Dias (a Maria já é de um nível mais elevado), ou até mesmo, quem sabe, da secção de telenovelas da TV Guia. Por exemplo, sendo o nosso amigo Marco António um existencialeco ainda pior que o Sartre, perguntar-se-à: quem sou eu? qual é o objectivo da vida? Ajudemo-lo. Um blógue abichanado, deverá ser escrito por uma bicha. Parecendo uma resposta demasiado simplista para a primeira das duas perguntas, é no entanto verdadeira. E isto aplica-se, obviamente, ao nosso caro amigo André e aos muitos outros blógue-panascas que por aí se encontram. No entanto, continua a ser uma resposta demasiado simplista. Mas quando eu olho para estes sites não vejo só letras, textos (e muitos desenhos, no caso do Marco António), postas. Vejo seres humanos com vontade de ultrapassar algo, de atingir um objectivo. Vejo criaturas que levavam nos cornos na primária, eram gozados no ciclo, tinham a mania que eram bons e não deixavam ninguém copiar por eles na secundária, e se apaixonaram pela melhor amiga na Faculdade de Letras ou de Humanidades, que foi comida por toda a faculdade menos por eles. Obviamente que, analisando isto de um ponto de vista Nietzsche-freudiano, que é o mais apropriado para este tipo de casos, desenvolvem um complexo de superioridade-inferioridade (superior porque têm a mania que são filósofos, e pior ainda, que isso vale de alguma coisa, e inferior, porque têm a mania que são uns coitadinhos, que ninguém gosta deles, que todos os desprezam... e temos que admitir que nisto têm alguma razão. Até a já referida melhor amiga só se digna a andar perto deles, por um lado por pena, e por outro para mostrar às amigas que não anda só com homens só para os foder e que também tem "amigos"). Não digo que seja uma fotografia exacta e cada um dos panascas que postam postas nestes blógues, mas é um estereotipo suficientemente aproximado. Sabemos já então quem são, mas para onde vão? Qual é o seu objectivo ao publicar as postas mais amaricadas de toda a blogoesfera e talvez de toda a web? Bem, para encontrar a resposta poderiamos fazer uma análise ainda mais aprofundada da sua personalidade, mas nem temos que ir mais longe. Olhemos só para o título do blógue do Marco António: "À Procura da Cleópatra". Atingimos então o elevadíssimo e erudito objectivo filosófico de caçar gajas. Como? Deixo falar vitinha_encarnacao, meu amigo, camarada, companheiro de luta, iluminado líder revolucionário e espiritual, fundador do Blog Anti Blogs, e um dos mais influentes teóricos revolucionários contemporâneos: «Admitam pah! A maior parte dos blogs é só uma tentativa de exaltação do ego de cada um, feita através de filosofias baratas e erudições tipo rua sésamo.» (vitinha_encarnacao, in Manifesto, Blog Anti Blog, 13-2-2004). E mais de metade das vezes, para engatar.

publicado por товарищ V. E. às 03:02
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Quinta-feira, 14 de Abril de 2005

O Rei

Para tudo há um rei. O Sr. Joaquim, é o Rei das Farturas, na Feira Popular. O Ricardo, é o Rei dos Frangos. Há o Rei de Inglaterra, que é a rainha, e o Rei de Portugal, de Barrancos, e de Olivença, o Dom Duarte Pio de Bragança. O Pelé é o rei do Bãodjibóla, palavra que em crioulo significa uma actividade pseudo-desportiva que consiste em fazer malabarismos com uma bola de futebol enquanto 21 indivíduos tentam obter essa bola para jogar futebol. Futebol esse, cujo rei é, como se sabe, o Maradona. E o Rei pura e simplesmente, é o Elvis.


Mas estamos na blogoesfera (termo que se aplica ao conjunto dos blógues, ainda que ele seja tão esférico como as cordilheiras dos Himalaias), e por isso gostaria de vos falar hoje do Rei dos Blógues. Obviamente que qualquer internauta, blogonauta, ou cosmonauta, saberá a quem me estou a referir, mesmo que eu não mencione a palavra "Abrupto". Por isso não a vou mencionar.


O blógue cujo nome já disse que não iria referir - até porque não é nosso hábito aqui no blógue fazer publicidade gratuita, e porque publicidade gratuita é coisa que o "Abrupto" tem que chegue - é mantido por uma figura que não sei se é mais conhecida na blogo-detta-esfera ou no nos círculos políticos. Ex-grande figura política de um dos maiores re-partidos políticos do país, voltou às suas origens de extrema-esquerda dos tempos do P.R.E.C. e tornou-se Euro-Deportado, sendo agora uma das possíveis vítimas de uma das próximas purgas partidárias tão em moda no país. Mas chega de falar sobre ele - não vou também mencionar o seu nome, até porque todos vocês sabem de quem falo - chega de falar sobre ele, pois também não é nosso hábito aqui no blógue atacar pessoas em particular. Olhemos então para o seu blógue.


Como já foi referido, o autor é de esquerda. Que poderemos esperar então, senão um blógue de esquerda? Mais ainda, intelectual de esquerda? Terá sido daqui que os nossos amigos do BdE encontraram a inspiração para o seu canto? Não digo que tenha sido, mas os copy/paste e hiperlinks em fartura, de poesia, artes plasticas e textos filosóficos, principalmente de inspiração esquerdista, e altamente intelectual, as críticas aos governos de todos os países do mundo, em especial ao do Bush e ao do Santana Lopes, e comentários altamente inteligentes, que só lembravam a uma criatura superior, como... o autor do Abrupto, por exemplo, falam por si.


Mas este nosso amigo vai ainda mais longe que os seus colegas do BdE. Dedica-se agora, por exemplo, a reunir a enciclopédia completa do comunismo (se estão a pensar que é a costumeira história de tentar contar quanta gente o Pepe Estaline matou, estão enganados - é uma colecção de histórias de heróis da luta antifascista em todo o mundo). Ou então, ainda mais superior e intelectual, dedica-se agora a comunicar com amigos por morse. Sim, meus amigos, morse. Aquela merda do traço-ponto-traço. Eu até pensava que o morse estava mais em perigo de extinção que a morsa. Ora, para um gajo comunicar em morse tem que ser intelectualmente muito superior. Ou então estar todo fodido dos cornos.

publicado por товарищ V. E. às 23:04
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Domingo, 3 de Abril de 2005

As Casas de Fado - Parte I: As Casas de Fado Vadio

Certa noite, em virtude de um pedido que me foi efectuado, acedi a colaborar com uma trabalho de investigação científica (modéstia à parte, como sempre). Sobre o fado. Fado? Impûs imediatamente uma condição: o meu nome não pode ser mencionado jamais.


Cedo me arrepedi. O ambiente da tasca era uma mistura de jovens pseudo-intelectuais e velhos-pseudo-jovens-intelectuais, sem nada para fazerem, uns e outros. E a bica era uma merda.


Sentámo-nos e esperámos que se apagasse a luz: então uma alarve qualquer gritou "Silêncio que se vai cantar o fado". Nisto, uma avózinha - que se havia disponibilizao para cantar o fado - toda fardada à fadista, abre a boca e, mesmo antes de emitir qualquer som, tive a primeira visão do inferno: pouca luz, a velha abre a boca e...eu vejo 6 dentes. No máximo, sendo um deles de ouro. O horror! Parecia o comboio fantasma da feira popular, com o problema que o comboio sempre dava para rir. E o som que emitiu? Camradas, entrou em mim que nem um relâmpago, todo eu estremeci perante aquele som estridente, lancinante, um som de cana-rachada misturado com a voz da Júlia Pinheiro. E quando a música acaba,  o mesmo alarve que tinha pedido silêncio dá o golpe final na minha paciência "Ah fadista, grande voz!" Não me contive, tive de desabafar, gritar "Ah valente!"


De facto, considero um acto de grande valentia mentir de forma tão óbvia e descarada em público. Grande voz? Outra das exclamações que se ouviram durante a noite foram "Ah leão" "Ah leanito" e "Eh touro lindo!" Magnifique.


A entrevista efectuada com o dono do estabelecimento também é um facto digno de registo: bebedo que nem um cacho, parecia partilhar da mesma modéstia do Jesusrocks ou da Gotika: em cada 3 frases, dizia 2 vezes que a sua tasca era a melhor casa de fado de Portugal, e que já tinha aparecido na Sic. Na outra frase gabava-se a si próprio e falava mal das casas de fado tradicional, que foram o passo seguinte do trabalho.


[Há de continuar]

publicado por товарищ V. E. às 17:49
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